Em São Sebastião
Marcelo Soares às 19h10-12 de janeiro de 2007 - 11:05
A primeira notícia sobre o assunto veio no Estadão de quarta-feira. O vice-prefeito acusou o prefeito Juan Pons Garcia (PPS) de propor mudanças no Plano Diretor da cidade calculadamente estudadas para beneficiar um grupo imobiliário português, o Riviera Group. Ele já tentou passar as mudanças três vezes neste ano - sendo que uma versão teria sido discutida com a população e outra, alterada e garantindo mais discricionariedade ao Executivo, teria sido enviada à Câmara Municipal. O prefeito, como sói acontecer, nega as acusações.
Um grupo político de oposição teria um mapa da cidade, mostrando 46 terrenos comprados neste ano por uma subsidiária do grupo luso. Os empresários teriam interesse em construir na cidade litorânea prédios mais altos do que permite a lei que regulamenta o uso do solo. (Se você lembra do caso do desabamento dos prédios construídos pela empreiteira do ex-deputado Sérgio Naya, deve lembrar por que a lei costuma impor limites à altura de edificações em áreas litorâneas.) O Estadão lembra que um irmão do presidente Lula já foi acusado de fazer lobby para o mesmo grupo português no Planalto. Mas, na cidade, o intermediador foi outro
As ramificações do caso atingem outras instituições da cidade. Vereadores cobrariam propina de empreiteiras contratadas pelo município para obras que custem até R$ 15 mil (que dispensam licitação). Também haveria uma espécie de mensalinho, pago pelo prefeito para que medidas de sua iniciativa fossem aprovadas. Haveria também um vídeo mostrando negociações de caixa-dois envolvendo o prefeito, que circulou na cidade na campanha de 2004. Um ex-aliado do prefeito acusa-o de ter enriquecido depois de assumir a prefeitura, em 2005. O prefeito classifica as declarações como "futrica".
Aí vem a tradicional seara deste blog – a imprensa. Uma das notícias publicadas sobre o assunto dá conta de que o Grupo Riviera teria comprado o jornal local Imprensa Livre, que anteriormente pertencia ao jornalista Igor Veltman e tinha uma linha editorial crítica em relação ao prefeito. É Veltman quem afirma ter vendido o jornal ao grupo português, com contrato assinado no dia 18 último. O novo administrador do jornal nega. Faz sentido, formalmente: pela Constituição, apenas brasileiros natos ou naturalizados podem controlar meios de comunicação no Brasil. Grupos estrangeiros podem ter no máximo 30% do capital. Formalmente, pelo menos.
O jornal estava com dificuldades financeiras. Primeiro, de captação: recebia R$ 1,5 milhão anuais da prefeitura com a publicação de editais públicos, mas o prefeito criou um diário oficial do município e com isso cortou a verba. Segundo, decorrente de prejuízos mais físicos. Em maio deste ano, no auge dos ataques do PCC em São Paulo, o jornal foi atacado e incendiado por quatro homens armados e encapuzados. Teve parte de sua gráfica destruída. Veltman, o diretor do jornal, afirmou na época que desconfiava tratar-se de um crime oportunista – atribuindo ao PCC um crime mais municipal.
O jornal, que segue circulando, sob a nova administração, é o único que publica notícias do litoral norte. Sua manchete de hoje é baseada na entrevista coletiva do prefeito sobre o assunto: “Juan rebate acusações e acusa vereador de exigir propina na venda da Autoviass”.
Com acusações de corrupção no Executivo e no Legislativo em doses fartas, assunto não vai faltar. O caso está sendo investigado pelo Ministério Público Estadual.
Marcelo Soares às 19h10-12 de janeiro de 2007 - 11:05
A primeira notícia sobre o assunto veio no Estadão de quarta-feira. O vice-prefeito acusou o prefeito Juan Pons Garcia (PPS) de propor mudanças no Plano Diretor da cidade calculadamente estudadas para beneficiar um grupo imobiliário português, o Riviera Group. Ele já tentou passar as mudanças três vezes neste ano - sendo que uma versão teria sido discutida com a população e outra, alterada e garantindo mais discricionariedade ao Executivo, teria sido enviada à Câmara Municipal. O prefeito, como sói acontecer, nega as acusações.
Um grupo político de oposição teria um mapa da cidade, mostrando 46 terrenos comprados neste ano por uma subsidiária do grupo luso. Os empresários teriam interesse em construir na cidade litorânea prédios mais altos do que permite a lei que regulamenta o uso do solo. (Se você lembra do caso do desabamento dos prédios construídos pela empreiteira do ex-deputado Sérgio Naya, deve lembrar por que a lei costuma impor limites à altura de edificações em áreas litorâneas.) O Estadão lembra que um irmão do presidente Lula já foi acusado de fazer lobby para o mesmo grupo português no Planalto. Mas, na cidade, o intermediador foi outro
As ramificações do caso atingem outras instituições da cidade. Vereadores cobrariam propina de empreiteiras contratadas pelo município para obras que custem até R$ 15 mil (que dispensam licitação). Também haveria uma espécie de mensalinho, pago pelo prefeito para que medidas de sua iniciativa fossem aprovadas. Haveria também um vídeo mostrando negociações de caixa-dois envolvendo o prefeito, que circulou na cidade na campanha de 2004. Um ex-aliado do prefeito acusa-o de ter enriquecido depois de assumir a prefeitura, em 2005. O prefeito classifica as declarações como "futrica".
Aí vem a tradicional seara deste blog – a imprensa. Uma das notícias publicadas sobre o assunto dá conta de que o Grupo Riviera teria comprado o jornal local Imprensa Livre, que anteriormente pertencia ao jornalista Igor Veltman e tinha uma linha editorial crítica em relação ao prefeito. É Veltman quem afirma ter vendido o jornal ao grupo português, com contrato assinado no dia 18 último. O novo administrador do jornal nega. Faz sentido, formalmente: pela Constituição, apenas brasileiros natos ou naturalizados podem controlar meios de comunicação no Brasil. Grupos estrangeiros podem ter no máximo 30% do capital. Formalmente, pelo menos.
O jornal estava com dificuldades financeiras. Primeiro, de captação: recebia R$ 1,5 milhão anuais da prefeitura com a publicação de editais públicos, mas o prefeito criou um diário oficial do município e com isso cortou a verba. Segundo, decorrente de prejuízos mais físicos. Em maio deste ano, no auge dos ataques do PCC em São Paulo, o jornal foi atacado e incendiado por quatro homens armados e encapuzados. Teve parte de sua gráfica destruída. Veltman, o diretor do jornal, afirmou na época que desconfiava tratar-se de um crime oportunista – atribuindo ao PCC um crime mais municipal.
O jornal, que segue circulando, sob a nova administração, é o único que publica notícias do litoral norte. Sua manchete de hoje é baseada na entrevista coletiva do prefeito sobre o assunto: “Juan rebate acusações e acusa vereador de exigir propina na venda da Autoviass”.
Com acusações de corrupção no Executivo e no Legislativo em doses fartas, assunto não vai faltar. O caso está sendo investigado pelo Ministério Público Estadual.
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