O Presidente da Académica e Carlos "Calimero"
13-Dez-2006
Na noite de apuramento dos resultados das eleições autárquicas 2005, a festa laranja pela reconquista da Câmara de Coimbra desenrolava-se no Parque Verde, tendo por pano de fundo o empreendimento "Jardins do Mondego". Dias antes, no mesmo local, Francisco Louçã sublinhara as denúncias efectuadas pela candidata bloquista à CMC, Marisa Matias, quanto a um eventual triângulo de corrupção envolvendo os promotores imobiliários, o futebol, e a autarquia, cujo vértice seria o Presidente da Académica, José Eduardo Simões, simultaneamente Director Municipal da Administração do Território. Marisa Matias acusava Carlos Encarnação de um "silêncio ruidoso" sobre o assunto, que o actual Presidente da Câmara só ousou romper na referida festa: "Há pessoas que não são de Coimbra e que vêm cá ofender as gentes de Coimbra", afirmava Encarnação, no seu estilo de sempre - o de Calimero injustiçado -, atacando o líder do Bloco de Esquerda.
Porém, a acusação que o Ministério Público deduziu agora contra Simões, e que Carlos Encarnação ainda não comentou, não constitui nenhuma surpresa. As primeiras denúncias de factos que apontavam para um triângulo de corrupção remontam a 2003 e dizem respeito ao caso Eurostadium, no qual um despacho camarário permitiu a violação do PDM por parte de uma empresa do grupo Amorim, patrocinador principal da Académica, através da construção de 200 apartamentos de luxo numa área destinada à instalação exclusiva de equipamentos de interesse público e utilização colectiva. O Ministério Público viria depois a afirmar a nulidade do projecto e a constituir a empresa do grupo Amorim e a Câmara de Coimbra como arguidos num processo que pode acarretar perda de mandato para esta última. Porém, o processo aguarda vergonhosamente, há quase dois anos, uma decisão do juiz do Tribunal Administrativo e Fiscal de Coimbra - decisão agora ainda mais urgente, face à acusação que impende sobre o Presidente da Académica.
Quanto aos "Jardins do Mondego", o BE denunciava, já em Abril de 2005, o estranho caso de umas "bilheteiras abertas" em jogos da Académica, patrocinadas pelo grupo Amorim e pela empresa proprietária das torres junto ao Mondego, cujo dono, o empresário Emídio Mendes, está ainda ligado à venda de jogadores ao clube de Coimbra, bem como a outros casos de corrupção que aparentemente se estendem ao famoso "mensalão" brasileiro. Desde então, o BE provou repetidamente a ocupação de uma zona verde de uso público, definida em PDM, por parte do empreendimento, com o beneplácito da Câmara. Encarnação, por sua vez, procurava salvar a face, forçando a empresa construtora a demolir um piso que construíra à revelia do alvará de licenciamento, e omitindo a ilegalidade que assinara com o próprio punho.
Há um mês atrás, o Presidente da Câmara de Coimbra afirmava, acerca das "relações duvidosas" que os deputados do BE tinham ousado mencionar na Assembleia Municipal: "Houve pessoas e instituições que fizeram imputações absolutamente ofensivas em relação a mim, coisa que não admito." O que não se admite, dizemos nós, é o silêncio a que mais uma vez se remete o responsável político pela situação que permitiu os actos de corrupção imputados ao Presidente da Académica. José Eduardo Simões respondia perante um vereador e este perante um Presidente de Câmara. Não sabe Carlos Encarnação o que se passa na Câmara a que preside? Se não sabe, não está lá a fazer nada. Se sabe, assuma as responsabilidades. A retórica do Calimero já de nada lhe vale.
Catarina Martins
Deputada do BE na Assembleia Municipal
13-Dez-2006
Na noite de apuramento dos resultados das eleições autárquicas 2005, a festa laranja pela reconquista da Câmara de Coimbra desenrolava-se no Parque Verde, tendo por pano de fundo o empreendimento "Jardins do Mondego". Dias antes, no mesmo local, Francisco Louçã sublinhara as denúncias efectuadas pela candidata bloquista à CMC, Marisa Matias, quanto a um eventual triângulo de corrupção envolvendo os promotores imobiliários, o futebol, e a autarquia, cujo vértice seria o Presidente da Académica, José Eduardo Simões, simultaneamente Director Municipal da Administração do Território. Marisa Matias acusava Carlos Encarnação de um "silêncio ruidoso" sobre o assunto, que o actual Presidente da Câmara só ousou romper na referida festa: "Há pessoas que não são de Coimbra e que vêm cá ofender as gentes de Coimbra", afirmava Encarnação, no seu estilo de sempre - o de Calimero injustiçado -, atacando o líder do Bloco de Esquerda.
Porém, a acusação que o Ministério Público deduziu agora contra Simões, e que Carlos Encarnação ainda não comentou, não constitui nenhuma surpresa. As primeiras denúncias de factos que apontavam para um triângulo de corrupção remontam a 2003 e dizem respeito ao caso Eurostadium, no qual um despacho camarário permitiu a violação do PDM por parte de uma empresa do grupo Amorim, patrocinador principal da Académica, através da construção de 200 apartamentos de luxo numa área destinada à instalação exclusiva de equipamentos de interesse público e utilização colectiva. O Ministério Público viria depois a afirmar a nulidade do projecto e a constituir a empresa do grupo Amorim e a Câmara de Coimbra como arguidos num processo que pode acarretar perda de mandato para esta última. Porém, o processo aguarda vergonhosamente, há quase dois anos, uma decisão do juiz do Tribunal Administrativo e Fiscal de Coimbra - decisão agora ainda mais urgente, face à acusação que impende sobre o Presidente da Académica.
Quanto aos "Jardins do Mondego", o BE denunciava, já em Abril de 2005, o estranho caso de umas "bilheteiras abertas" em jogos da Académica, patrocinadas pelo grupo Amorim e pela empresa proprietária das torres junto ao Mondego, cujo dono, o empresário Emídio Mendes, está ainda ligado à venda de jogadores ao clube de Coimbra, bem como a outros casos de corrupção que aparentemente se estendem ao famoso "mensalão" brasileiro. Desde então, o BE provou repetidamente a ocupação de uma zona verde de uso público, definida em PDM, por parte do empreendimento, com o beneplácito da Câmara. Encarnação, por sua vez, procurava salvar a face, forçando a empresa construtora a demolir um piso que construíra à revelia do alvará de licenciamento, e omitindo a ilegalidade que assinara com o próprio punho.
Há um mês atrás, o Presidente da Câmara de Coimbra afirmava, acerca das "relações duvidosas" que os deputados do BE tinham ousado mencionar na Assembleia Municipal: "Houve pessoas e instituições que fizeram imputações absolutamente ofensivas em relação a mim, coisa que não admito." O que não se admite, dizemos nós, é o silêncio a que mais uma vez se remete o responsável político pela situação que permitiu os actos de corrupção imputados ao Presidente da Académica. José Eduardo Simões respondia perante um vereador e este perante um Presidente de Câmara. Não sabe Carlos Encarnação o que se passa na Câmara a que preside? Se não sabe, não está lá a fazer nada. Se sabe, assuma as responsabilidades. A retórica do Calimero já de nada lhe vale.
Catarina Martins
Deputada do BE na Assembleia Municipal
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