CPI dos Bingos poderá convocar irmão de Lula
Vavá é irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e teria intermediado negócios de um empresário português Emídio Mendes com a Petrobras
Ligações revelam poder de Silvio e Delúbio
Diego Escosteguy
O Estado de S. Paulo
Telefonemas mostram que eles conversavam freqüentemente com empresários, lobistas e altos funcionários do governo
BRASÍLIA - Conduzida pela CPI dos Correios, a análise dos telefonemas dos envolvidos no caso do mensalão começa a revelar a extensão do tráfico de influência exercido pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e pelo ex-secretário-geral do partido Silvio Pereira no governo Lula.Os registros telefônicos dos dois, ao qual o Estado teve acesso, mostram que ambos conversavam intensamente com empresários donos de contratos na administração federal, lobistas e altos funcionários do governo petista.
Silvio Pereira recebeu 15 ligações, em 2003, do empresário Armênio Mendes, dono de casas de bingo em Santos, que estava interessado na legalização do jogo no Brasil e chegou a ter uma audiência naquele ano com o então subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil, Waldomiro Diniz.
Apesar de ser oficialmente apenas secretário-geral do PT, Silvinho, como é conhecido, trocou pelo menos 113 ligações com grandes construtoras, todas com contratos e interesses no governo. Somente da OAS, recebeu 65 telefonemas, entre julho de 2003 e maio deste ano. Da Odebrecht, foram 28 chamadas recebidas. Silvinho conversava com pelo menos seis empreiteiras. Ele também discava para o Ministério dos Transportes e para o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes, o DNIT.
Com assessores da Petrobrás, Silvinho trocou pelo menos 40 telefonemas. Até agora, a CPI não conseguiu investigar a atuação do ex-secretário na estatal. A saída de Silvinho do PT foi precipitada pela descoberta de que ele ganhara um Land Rover da GDK, construtora que também faturou milionários contratos na Petrobrás durante governo Lula.
LOBISTA
Uma das pistas da CPI para avançar nessa linha de investigação são as dezenas de ligações entre o ex-secretário e o lobista Fernando Moura, amigo de longa data do ex-ministro José Dirceu. Empresários ouvidos pelo Estado contam que Moura se apresentava como "facilitador" de negócios na estatal. Silvinho trocou pelo menos 127 ligações com o lobista desde o começo do governo.
Segundo os registros, a influência do ex-secretário no governo era irrestrita. Silvinho falou pelo menos 670 vezes com números da Presidência da República. Também conversava freqüentemente com diretores de Furnas, Infraero, Correios, IRB e Eletronorte, estatais alvo de denúncias do mensalão.
O ex-secretário também era conhecido do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. Falou pelo menos seis vezes com ele e 16 com Orlando Martins, um dos funcionários de Valério responsáveis pela distribuição de recursos a aliados.
Os dados da CPI mostram que o principal interlocutor de Delúbio era André Gustavo Vieira, dono da agência pernambucana Arcos que, no governo Lula, ganhou contrato no BNDES. Em Brasília, segundo publicitários, Vieira procurava donos de agências se apresentando como "representante" do ex-tesoureiro do PT.
Delúbio também conversava com empresas do Grupo TBA, que detém contratos de informática nos Correios, na Eletronorte e na Caixa Econômica Federal. Ele recebeu 50 ligações de números fixos da TBA e 10 do celular da dona do grupo, Maria Cristina Boner.
A Odebrecht informou que não se manifestará enquanto a CPI não tiver uma "posição concreta" sobre as relações com Silvio Pereira. O Estado procurou Vieira, Silvio, Delúbio e Armênio Mendes, mas não houve retorno. A assessoria da TBA informou que as ligações de Delúbio provavelmente se explicam por um contrato que a empresa fechou com o PT no fim de 2003, apesar de boa parte dos telefonemas ser anterior a isso
Hauly alerta: "Se assumir sozinho, será condenado à prisão"
Brasília, 18 de Janeiro de 2007
O deputado Luiz Carlos Hauly interpelou Delúbio Soares na madrugada do dia 19, depois de esperar durante horas e de analisar as respostas vagas que foram dadas aos que o antecederam. O posicionamento de Hauly mereceu comentários de muitos telespectadores e de internautas, que transcrevemos para que você possa acompanhá-los.
O SR. PRESIDENTE (Delcídio Amaral. PT - MS) - Com a palavra o deputado Luiz Carlos Hauly, por dez minutos.
O SR. LUIZ CARLOS HAULY (PSDB - PR) - Sr. Presidente, minhas homenagens ao relator Osmar Serraglio, do Paraná, que tem feito um grande trabalho.
Podemos acusar o PT de tudo, menos que não seja democrático. Ele sempre discutiu muito e tudo. Daí, aaproveito o raciocínio do deputado Antonio Carlos Mendes Thame, do PSDB de São Paulo, e digo que o PT, a CUT, o MST e o Governo Lula são uma coisa só. Um ente só. Não há como ter decisões em que um não saiba o que está acontecendo. Esse não é o PT. O PT é o PT democrático, que discute tudo. Portanto, a tese que tenta separar Delúbio do Governo e do PT não cola. Eu acho que essa cola aí é para tentar colar essa farsa. Decisão colegiada.
Aí vem esse escândalo de corrupção. Com o poder que tem o Governo Federal, com as estatais, com um orçamento de mais de meio trilhão, não tem como captar dinheiro de forma legal?! Você me desculpe, mas esses empréstimos são uma grande fraude, uma grande mentira que V. Sª está assumindo, engendrando aqui para a Nação.
Ninguém é tonto; pode buscar outra fórmula para tentar salvar o Governo. Aliás, não há crise tão grande e tão grave quanto essa; não tem idéia da crise que está aí. Se há um pouco de popularidade do Presidente, é porque a nossa sociedade é conservadora. Os que estão empregados, os que estão aposentados, os que têm negócios, os que têm benefícios de programas sociais do Governo não querem muita marola; se está ruim, poderá ser pior, numa convulsão maior. Não tem sustentação, a crise é gravíssima e só não enxerga quem não quer enxergar; só não ouve quem não quer ouvir.
Sr. Delúbio, essa tese eleitoral é muito simplória e muito furada. E incriminar o Congresso Nacional? Hoje, o neoministro do Trabalho e ex-presidente da CUT, o Marinho, disse que toda a culpa é do Congresso Nacional. Então, é culpa do Sr. Delúbio e do Congresso Nacional. Quer dizer, o Presidente Lula e o conjunto do PT não têm mais culpa nenhuma. Que tese é essa? O Congresso Nacional merece isso pela inatividade em dar resposta pronta a esta situação concreta que estamos vivendo. Mas essa tentativa que V. Sªs e V. Exªs estão elaborando não cola.Há uma série de perguntas a fazer a V. Sª, que terá que explicar não aqui, mas no decorrer do processo.
Na agenda do Waldomiro Diniz, há encontros com V. Sª. O que V. Sª fazia lá se disse que o conheceu rapidamente? E há vários encontros. A agenda está no meu gabinete à disposição de quem quiser. Nela constam os encontros de V. Sª, Sr. Delúbio, com o Waldomiro Diniz.
V. Sª tentou criar uma cortina de fumaça dizendo que se tratava de um problema das elites. As elites estão com o PT, como colocou aqui o Moroni Torgan com muita propriedade. As elites estão com o PT e estão morrendo de rir com a taxa de juros de 19,85%, porque não há no mundo, no planeta, na galáxia, nada melhor do que isso.
Pergunto a V. Sª bem diretamente: Conhece Paulo Panarelo?
O SR. DELÚBIO SOARES - Conheço.
O SR. LUIZ CARLOS HAULY (PSDB - PR) - Muito bem. Ele é o dono da maior distribuidora de medicamentos do País.
A Panarelo Distribuidora tinha um empréstimo enrolado no Banco do Brasil. V. Sª foi o portador para a solução dos problemas, foi quem intermediou a negociação entre o Sr. Panarelo e o Banco do Brasil, não foi?
O SR. DELÚBIO SOARES - Essa é a informação que o senhor tem. Eu não tenho essa informação. Eu o conheço porque a sede da Panarelo é em Goiânia.
O SR. LUIZ CARLOS HAULY (PSDB - PR) - Muito bem. E V. Sª viajou muitas vezes no avião dele, não foi? Da empresa.
O SR. DELÚBIO SOARES - Não, senhor.
O SR. LUIZ CARLOS HAULY (PSDB - PR) - A Executiva do PT, não é? Caixa dois...
O SR. DELÚBIO SOARES - Não, senhor.
O SR. LUIZ CARLOS HAULY (PSDB - PR) - O senhor conhece o Sr. Armênio Mendes?
O SR. DELÚBIO SOARES - Não.
O SR. LUIZ CARLOS HAULY (PSDB - PR) - Apenas para rememorar: dono de bingo e hotéis em Santos, deu dinheiro para o caixa dois, seus hotéis foram muito utilizados etc.
O SR. DELÚBIO SOARES - Essa é a informação que o senhor tem. Eu estou dizendo que não o conheço.
O SR. LUIZ CARLOS HAULY (PSDB - PR) - Tudo bem. Então, eu vou perguntar a V. Sª que financiou tantas campanhas: Em Curitiba do Vagnoni, em Londrina do Nedson, em Ponta Grossa, em Maringá, V. Sª também financiou com caixa dois?
O SR. DELÚBIO SOARES - O Partido dos Trabalhadores apoiou essas candidaturas e está registrado no TSE.
O SR. LUIZ CARLOS HAULY (PSDB - PR) - Muito bem. Então, o senhor contratou o Duda Mendonça, em Curitiba, por R$ 4 milhões? Foi V. Sª ou o Diretório nacional do PT que pagou?
O SR. DELÚBIO SOARES - Quem contratou o Duda Mendonça foi a campanha do Vagnoni.
O SR. LUIZ CARLOS HAULY (PSDB - PR) - Mas com o dinheirinho do Sr. Delúbio e do PT.
O SR. DELÚBIO SOARES - O senhor é que está falando.
O SR. LUIZ CARLOS HAULY (PSDB - PR) - Há uma série de outras perguntas, sobre doleiros, a empresa Lonton... O senhor conhece o doleiro Toninho Barcelona?
O SR. DELÚBIO SOARES - Não, senhor.
O SR. LUIZ CARLOS HAULY (PSDB - PR) - Não conhece? Há uma série de patrocínios. É uma pena que o meu tempo está se exaurindo. Mas digo que essa sua tese, infelizmente, não cola.
Nós estamos preocupados com o País, preocupados com o Brasil. A crise é gravíssima, não chegou na economia ainda, graças a Deus, mas ela vai chegar. Isso é que é duro. Que bagunça! Mas ela vai chegar na economia. E não tenho dúvida.
Quero olhar bem dentro dos seus olhos - V. Sª passou o dia inteiro com os olhos bem fechados, deve ser pelo efeito de algum calmante - e dizer que esta situação criada pode levar o Presidente Lula e o País para o buraco. Que situação foi arrumada para o nosso País! E tudo por uma volúpia que, não tenho dúvida, não é eleitoral; é patrimonial.
O SR. PRESIDENTE (Delcídio Amaral. PT - MS) - Concluindo, Deputado.
O SR. LUIZ CARLOS HAULY (PSDB - PR) - Isso é que é pior. Formação de patrimônio particular com dinheiro público.
O SR. DELÚBIO SOARES - Não vou comentar a avaliação do deputado, porque tenho todo o direito de fazê-lo.
O SR. PRESIDENTE (Delcídio Amaral. PT - MS) - Com a palavra o deputado Chico Sardelli e, depois, encerrando a lista dos não-membros, o deputado Márcio Fortes. Depois, entraremos nas reinscrições.
Vavá é irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e teria intermediado negócios de um empresário português Emídio Mendes com a Petrobras
Ligações revelam poder de Silvio e Delúbio
Diego Escosteguy
O Estado de S. Paulo
Telefonemas mostram que eles conversavam freqüentemente com empresários, lobistas e altos funcionários do governo
BRASÍLIA - Conduzida pela CPI dos Correios, a análise dos telefonemas dos envolvidos no caso do mensalão começa a revelar a extensão do tráfico de influência exercido pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e pelo ex-secretário-geral do partido Silvio Pereira no governo Lula.Os registros telefônicos dos dois, ao qual o Estado teve acesso, mostram que ambos conversavam intensamente com empresários donos de contratos na administração federal, lobistas e altos funcionários do governo petista.
Silvio Pereira recebeu 15 ligações, em 2003, do empresário Armênio Mendes, dono de casas de bingo em Santos, que estava interessado na legalização do jogo no Brasil e chegou a ter uma audiência naquele ano com o então subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil, Waldomiro Diniz.
Apesar de ser oficialmente apenas secretário-geral do PT, Silvinho, como é conhecido, trocou pelo menos 113 ligações com grandes construtoras, todas com contratos e interesses no governo. Somente da OAS, recebeu 65 telefonemas, entre julho de 2003 e maio deste ano. Da Odebrecht, foram 28 chamadas recebidas. Silvinho conversava com pelo menos seis empreiteiras. Ele também discava para o Ministério dos Transportes e para o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes, o DNIT.
Com assessores da Petrobrás, Silvinho trocou pelo menos 40 telefonemas. Até agora, a CPI não conseguiu investigar a atuação do ex-secretário na estatal. A saída de Silvinho do PT foi precipitada pela descoberta de que ele ganhara um Land Rover da GDK, construtora que também faturou milionários contratos na Petrobrás durante governo Lula.
LOBISTA
Uma das pistas da CPI para avançar nessa linha de investigação são as dezenas de ligações entre o ex-secretário e o lobista Fernando Moura, amigo de longa data do ex-ministro José Dirceu. Empresários ouvidos pelo Estado contam que Moura se apresentava como "facilitador" de negócios na estatal. Silvinho trocou pelo menos 127 ligações com o lobista desde o começo do governo.
Segundo os registros, a influência do ex-secretário no governo era irrestrita. Silvinho falou pelo menos 670 vezes com números da Presidência da República. Também conversava freqüentemente com diretores de Furnas, Infraero, Correios, IRB e Eletronorte, estatais alvo de denúncias do mensalão.
O ex-secretário também era conhecido do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. Falou pelo menos seis vezes com ele e 16 com Orlando Martins, um dos funcionários de Valério responsáveis pela distribuição de recursos a aliados.
Os dados da CPI mostram que o principal interlocutor de Delúbio era André Gustavo Vieira, dono da agência pernambucana Arcos que, no governo Lula, ganhou contrato no BNDES. Em Brasília, segundo publicitários, Vieira procurava donos de agências se apresentando como "representante" do ex-tesoureiro do PT.
Delúbio também conversava com empresas do Grupo TBA, que detém contratos de informática nos Correios, na Eletronorte e na Caixa Econômica Federal. Ele recebeu 50 ligações de números fixos da TBA e 10 do celular da dona do grupo, Maria Cristina Boner.
A Odebrecht informou que não se manifestará enquanto a CPI não tiver uma "posição concreta" sobre as relações com Silvio Pereira. O Estado procurou Vieira, Silvio, Delúbio e Armênio Mendes, mas não houve retorno. A assessoria da TBA informou que as ligações de Delúbio provavelmente se explicam por um contrato que a empresa fechou com o PT no fim de 2003, apesar de boa parte dos telefonemas ser anterior a isso
Hauly alerta: "Se assumir sozinho, será condenado à prisão"
Brasília, 18 de Janeiro de 2007
O deputado Luiz Carlos Hauly interpelou Delúbio Soares na madrugada do dia 19, depois de esperar durante horas e de analisar as respostas vagas que foram dadas aos que o antecederam. O posicionamento de Hauly mereceu comentários de muitos telespectadores e de internautas, que transcrevemos para que você possa acompanhá-los.
O SR. PRESIDENTE (Delcídio Amaral. PT - MS) - Com a palavra o deputado Luiz Carlos Hauly, por dez minutos.
O SR. LUIZ CARLOS HAULY (PSDB - PR) - Sr. Presidente, minhas homenagens ao relator Osmar Serraglio, do Paraná, que tem feito um grande trabalho.
Podemos acusar o PT de tudo, menos que não seja democrático. Ele sempre discutiu muito e tudo. Daí, aaproveito o raciocínio do deputado Antonio Carlos Mendes Thame, do PSDB de São Paulo, e digo que o PT, a CUT, o MST e o Governo Lula são uma coisa só. Um ente só. Não há como ter decisões em que um não saiba o que está acontecendo. Esse não é o PT. O PT é o PT democrático, que discute tudo. Portanto, a tese que tenta separar Delúbio do Governo e do PT não cola. Eu acho que essa cola aí é para tentar colar essa farsa. Decisão colegiada.
Aí vem esse escândalo de corrupção. Com o poder que tem o Governo Federal, com as estatais, com um orçamento de mais de meio trilhão, não tem como captar dinheiro de forma legal?! Você me desculpe, mas esses empréstimos são uma grande fraude, uma grande mentira que V. Sª está assumindo, engendrando aqui para a Nação.
Ninguém é tonto; pode buscar outra fórmula para tentar salvar o Governo. Aliás, não há crise tão grande e tão grave quanto essa; não tem idéia da crise que está aí. Se há um pouco de popularidade do Presidente, é porque a nossa sociedade é conservadora. Os que estão empregados, os que estão aposentados, os que têm negócios, os que têm benefícios de programas sociais do Governo não querem muita marola; se está ruim, poderá ser pior, numa convulsão maior. Não tem sustentação, a crise é gravíssima e só não enxerga quem não quer enxergar; só não ouve quem não quer ouvir.
Sr. Delúbio, essa tese eleitoral é muito simplória e muito furada. E incriminar o Congresso Nacional? Hoje, o neoministro do Trabalho e ex-presidente da CUT, o Marinho, disse que toda a culpa é do Congresso Nacional. Então, é culpa do Sr. Delúbio e do Congresso Nacional. Quer dizer, o Presidente Lula e o conjunto do PT não têm mais culpa nenhuma. Que tese é essa? O Congresso Nacional merece isso pela inatividade em dar resposta pronta a esta situação concreta que estamos vivendo. Mas essa tentativa que V. Sªs e V. Exªs estão elaborando não cola.Há uma série de perguntas a fazer a V. Sª, que terá que explicar não aqui, mas no decorrer do processo.
Na agenda do Waldomiro Diniz, há encontros com V. Sª. O que V. Sª fazia lá se disse que o conheceu rapidamente? E há vários encontros. A agenda está no meu gabinete à disposição de quem quiser. Nela constam os encontros de V. Sª, Sr. Delúbio, com o Waldomiro Diniz.
V. Sª tentou criar uma cortina de fumaça dizendo que se tratava de um problema das elites. As elites estão com o PT, como colocou aqui o Moroni Torgan com muita propriedade. As elites estão com o PT e estão morrendo de rir com a taxa de juros de 19,85%, porque não há no mundo, no planeta, na galáxia, nada melhor do que isso.
Pergunto a V. Sª bem diretamente: Conhece Paulo Panarelo?
O SR. DELÚBIO SOARES - Conheço.
O SR. LUIZ CARLOS HAULY (PSDB - PR) - Muito bem. Ele é o dono da maior distribuidora de medicamentos do País.
A Panarelo Distribuidora tinha um empréstimo enrolado no Banco do Brasil. V. Sª foi o portador para a solução dos problemas, foi quem intermediou a negociação entre o Sr. Panarelo e o Banco do Brasil, não foi?
O SR. DELÚBIO SOARES - Essa é a informação que o senhor tem. Eu não tenho essa informação. Eu o conheço porque a sede da Panarelo é em Goiânia.
O SR. LUIZ CARLOS HAULY (PSDB - PR) - Muito bem. E V. Sª viajou muitas vezes no avião dele, não foi? Da empresa.
O SR. DELÚBIO SOARES - Não, senhor.
O SR. LUIZ CARLOS HAULY (PSDB - PR) - A Executiva do PT, não é? Caixa dois...
O SR. DELÚBIO SOARES - Não, senhor.
O SR. LUIZ CARLOS HAULY (PSDB - PR) - O senhor conhece o Sr. Armênio Mendes?
O SR. DELÚBIO SOARES - Não.
O SR. LUIZ CARLOS HAULY (PSDB - PR) - Apenas para rememorar: dono de bingo e hotéis em Santos, deu dinheiro para o caixa dois, seus hotéis foram muito utilizados etc.
O SR. DELÚBIO SOARES - Essa é a informação que o senhor tem. Eu estou dizendo que não o conheço.
O SR. LUIZ CARLOS HAULY (PSDB - PR) - Tudo bem. Então, eu vou perguntar a V. Sª que financiou tantas campanhas: Em Curitiba do Vagnoni, em Londrina do Nedson, em Ponta Grossa, em Maringá, V. Sª também financiou com caixa dois?
O SR. DELÚBIO SOARES - O Partido dos Trabalhadores apoiou essas candidaturas e está registrado no TSE.
O SR. LUIZ CARLOS HAULY (PSDB - PR) - Muito bem. Então, o senhor contratou o Duda Mendonça, em Curitiba, por R$ 4 milhões? Foi V. Sª ou o Diretório nacional do PT que pagou?
O SR. DELÚBIO SOARES - Quem contratou o Duda Mendonça foi a campanha do Vagnoni.
O SR. LUIZ CARLOS HAULY (PSDB - PR) - Mas com o dinheirinho do Sr. Delúbio e do PT.
O SR. DELÚBIO SOARES - O senhor é que está falando.
O SR. LUIZ CARLOS HAULY (PSDB - PR) - Há uma série de outras perguntas, sobre doleiros, a empresa Lonton... O senhor conhece o doleiro Toninho Barcelona?
O SR. DELÚBIO SOARES - Não, senhor.
O SR. LUIZ CARLOS HAULY (PSDB - PR) - Não conhece? Há uma série de patrocínios. É uma pena que o meu tempo está se exaurindo. Mas digo que essa sua tese, infelizmente, não cola.
Nós estamos preocupados com o País, preocupados com o Brasil. A crise é gravíssima, não chegou na economia ainda, graças a Deus, mas ela vai chegar. Isso é que é duro. Que bagunça! Mas ela vai chegar na economia. E não tenho dúvida.
Quero olhar bem dentro dos seus olhos - V. Sª passou o dia inteiro com os olhos bem fechados, deve ser pelo efeito de algum calmante - e dizer que esta situação criada pode levar o Presidente Lula e o País para o buraco. Que situação foi arrumada para o nosso País! E tudo por uma volúpia que, não tenho dúvida, não é eleitoral; é patrimonial.
O SR. PRESIDENTE (Delcídio Amaral. PT - MS) - Concluindo, Deputado.
O SR. LUIZ CARLOS HAULY (PSDB - PR) - Isso é que é pior. Formação de patrimônio particular com dinheiro público.
O SR. DELÚBIO SOARES - Não vou comentar a avaliação do deputado, porque tenho todo o direito de fazê-lo.
O SR. PRESIDENTE (Delcídio Amaral. PT - MS) - Com a palavra o deputado Chico Sardelli e, depois, encerrando a lista dos não-membros, o deputado Márcio Fortes. Depois, entraremos nas reinscrições.
Quarta-Feira, 12 de Outubro de 2005, 07:08
‘‘Foi uma conversa de um ou dois minutos’’, diz Armênio Mendes
Da Reportagem
LUIGI DI VAIOA divulgação por parte da Comissão Permanente de Inquérito (CPI) dos Correios de que o empresário santista Armênio Mendes teria feito 15 ligações ao então secretário-geral do PT, Sílvio Pereira, em 2003, não incomodou o empreendedor português, que está radicado no Brasil há 42 anos. Ele faz uma importante ressalva: só falou com o então homem forte do partido — acusado de fazer tráfico de influência — uma única vez. Armênio rebate a CPI, afirmando que as demais chamadas ao celular de Sílvio mostram as tentativas de falar com ele. Na entrevista a seguir, concedida no seu escritório, o empresário conta quem lhe deu o número do telefone de Sílvio, o que o motivou a ir a Brasília e também sobre como ajudou, sem fazer doações, diversos candidatos, entre os quais o hoje presidente Luiz Ignácio Lula da Silva. Confira os principais trechos.
A Tribuna — A CPI dos Correios identificou 15 telefonemas seus ao então secretário-geral do PT, Sílvio Pereira, em 2003. Como o senhor chegou até ele e qual o teor das conversas? Armênio Mendes — O Sílvio Pereira eu conheci nas campanhas eleitorais do PT. E ele veio aí na época em que a Telma de Souza foi candidata a prefeita de Santos. E acompanhava as campanhas. Não me recordo agora quais. E também nas campanhas eleitorais do Lula eu o conheci, na medida em que ele fazia parte do grupo que vinha a Santos.
AT — O senhor consegue precisar o ano em que teve o primeiro contato com o Sílvio Pereira? Armênio — Acho que foi na primeira eleição que a Telma perdeu para o Beto Mansur (1996). E eu sempre fui democrata nessas eleições. Me recordo que na primeira eleição que o Beto Mansur ganhou, colocou alguns colaboradores de campanha no Hotel Parque Balneário. Eu cedi. Foi a única coisa que eu apoiei na campanha: liberar alguns apartamentos do hotel para que eles ocupassem. E fiz a mesma coisa com a Telma de Souza. Eu apoiava os políticos da Cidade, no material que eu tinha, que eram os hotéis. Tanto atendi ao Beto como a Telma de Souza. E então conheci o Sílvio Pereira, que me foi apresentado uma ou duas vezes pela própria Telma, quando eles passavam por aqui.
AT — Então foi a Telma que apresentou o senhor ao Sílvio? Armênio — Se não foi a candidata, foi o Fausto Figueira ou alguém relacionado com o PT na época. Eu estou muito tranquilo porque nunca fiz nenhuma negociação nem com a Prefeitura de Santos nem com nenhum órgão público gerido pelo PT ou por qualquer outro partido. Nunca negociei com nenhum órgão público na minha vida. Não sou prestador de serviços e não exerci nenhuma atividade que dependesse dos políticos para que me aprovassem algo.
AT — Depois de o senhor ser apresentado, na campanha, ao Sílvio, passou a fazer contatos com ele, ou com o Delúbio (ex-tesoureiro do PT)? Armênio — Nunca mais. Com o Delúbio nunca fiz (contatos). A única coisa que vi foi quando o Lula esteve em Santos, antes da campanha, e ficou no Parque Balneário Hotel também, nessa última campanha, no dia 25 de agosto. O Lula esteve no Parque Balneário com toda a cúpula dele, onde o próprio Sílvio estava junto.
AT — O senhor manteve um encontro reservado com o então presidenciável Lula? Armênio — Não. Foi dentro do restaurante do Parque Balneário. Eu o recepcionei como candidato, como recepcionei agora o Mário Soares, que está em campanha para presidente de Portugal. E não tenho nenhuma ligação com o Mário Soares. Eu os recebo apenas por cortesia. As pessoas vêm a Santos, querem se hospedar, onde vão parar? No Mendes Plaza, no Mendes Panorama ou no Parque Balneário. Recebi desta forma.
AT — E foi só isso com o Sílvio Pereira? Armênio — Depois eu tive um contato apenas, que eu me recorde, com o Sílvio Pereira. Foi por telefone, sim. Quem me arrumou esta ligação com o Sílvio foi o deputado Fausto Figueira. E o por quê desta ligação? Porque exerço na Cidade uma atividade que me preocupa, que são os dois bingos (Miramar e Praiamar). Na medida que tenho estes dois bingos, que estão devidamente legalizados, mas se trata de uma atividade que andou apenas através de medidas provisórias (MPs) editadas e reeditadas. Quando FHC acabou seu segundo mandato, deixou de reeditar a medida provisória e deixou todos os empresários de bingo em situação desconfortável. Nesse momento eu fiquei preocupado. O Lula prometeu legalizar a atividade no início do governo, depois a coisa começou a se tumultuar...Como eu tinha a informação de que havia uma empresa americana que tem o sistema de informática que dá condições ao governo de fiscalizar máquina por máquina e, como minhas empresas são 100% legalizadas, eu pensei em levar isso adiante.
AT — E como foi isso? Armênio — Eu pedi ao Fausto Figueira, naquela época, que me arrumasse uma condição de falar com Brasília para tentar levar a fórmula para eles (governo) como sugestão, para que eles legalizassem o jogo no Brasil. Claro que eu não tinha a pretensão de eu ser o responsável pela legalização do jogo no Brasil, até porque eu sou pequeno demais para isso.
AT — E o senhor chegou a ir a Brasília? Armênio — Fui e tive uma reunião. Foi o Fausto que me deu a condição de chegar à Casa Civil através do Sílvio (Pereira). Fui lá uma vez e quem me atendeu foi uma assessora do Waldomiro Diniz (então subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil). Ele mandou uma assessora dele me atender. Não me lembro o nome dela. Então, minha relação com o Sílvio não passou disso.
AT — E quantos telefonemas foram, 15? Armênio — Creio que foi um só. Posso ter deixado recados na caixa-postal dele, ligado mais de uma vez naquela ocasião até deixar na caixa-postal. Eu falei com ele uma vez, no início do governo, há três anos, com o propósito de ajudar o governo no sentido de legalizar o que existia funcionando, que era o bingo e o vídeo-bingo. Esta foi minha relação com o Sílvio Pereira e foi apenas uma vez, por telefone. Não me lembro do mês.
AT — Quando lhe foi falado do Sílvio Pereira, que tipo de informação lhe deram? Era um homem que poderia fazer contatos com o governo? Armênio — Não. Apenas me pediram para agendar com o Sílvio. E quando eu fui a Brasília? Quando foi formada uma comissão na Casa Civil para tratar desse assunto. E quem estava com esta incumbência era o Waldomiro Diniz, que formou esta comissão, de 14 ou 18 pessoas, para tratar desse assunto. Meu propósito de ir a Brasília era apenas levar a minha sugestão.
AT — Quando o sr. falou com o Sílvio, como ele lhe atendeu? Armênio — Foi grosso. Eu sei que minha conversa está gravada e alguém vai verificar isso. Eu falei: ‘‘Sílvio, tudo bem?’’. Ele respondeu: ‘‘Tudo bem’’. Falei: ‘‘Eu queria isso assim assim...mas antes disso eu queria me encontrar contigo, te parabenizar pela vitória e tal’’. Tive um papo assim, nesse sentido. Ele falou o seguinte: ‘‘Você tem alguma coisa específica para tratar comigo?’’. Eu falei não. E ele me falou: ‘‘Olha, o meu tempo hoje é muito curto porque eu estou muito ocupado e não posso ceder para conversas preliminares, sem assunto específico’’. Foi grosso. Eu até me queixei algumas vezes com o Fausto desse tratamento que ele me deu até porque sempre que eles (o PT) me procuraram, sem nenhum interesse, eu os atendi em Santos. Sem interesse meu. Foi uma conversa de um ou dois minutos, no máximo.
AT — Então, ao contrário do que foi divulgado pela CPI, foi apenas um contato? Armênio — Só falei com o Sílvio uma vez. Talvez eu tenha feito algumas tentativas para falar com ele. Não sei. Não falei com o Zé Dirceu. Tive um contato com o Zé Dirceu, quando ele veio a um evento em Santos, já como ministro da Casa Civil. Nunca mais vi ele. Nunca tive reunião ou contato com o Delúbio. Nunca tive relação com os presidentes do partido Paulo Frateschi e José Genoíno.
AT — Com exceção do episódio no qual o senhor foi candidato a vice-prefeito (chapa encabeçada pelo deputado federal Vicente Cascione, do PTB), já fez alguma doação de campanha para o PT ou algum outro partido? Armênio — Não. O que eu fazia era apoiar os candidatos quando eles vinham à Cidade. Apoiei o Mário Covas, que se hospedou no meu hotel mais de uma vez. Quem também ficou nos meus hotéis, mais de uma vez, foi o Fernando Henrique Cardoso, tomou banho e tinha uma suíte à disposição para trocar roupa. Cumprimentava e desejava boa sorte a eles. De doação não partiu nada. Não tenho interesses.
‘‘Foi uma conversa de um ou dois minutos’’, diz Armênio Mendes
Da Reportagem
LUIGI DI VAIOA divulgação por parte da Comissão Permanente de Inquérito (CPI) dos Correios de que o empresário santista Armênio Mendes teria feito 15 ligações ao então secretário-geral do PT, Sílvio Pereira, em 2003, não incomodou o empreendedor português, que está radicado no Brasil há 42 anos. Ele faz uma importante ressalva: só falou com o então homem forte do partido — acusado de fazer tráfico de influência — uma única vez. Armênio rebate a CPI, afirmando que as demais chamadas ao celular de Sílvio mostram as tentativas de falar com ele. Na entrevista a seguir, concedida no seu escritório, o empresário conta quem lhe deu o número do telefone de Sílvio, o que o motivou a ir a Brasília e também sobre como ajudou, sem fazer doações, diversos candidatos, entre os quais o hoje presidente Luiz Ignácio Lula da Silva. Confira os principais trechos.
A Tribuna — A CPI dos Correios identificou 15 telefonemas seus ao então secretário-geral do PT, Sílvio Pereira, em 2003. Como o senhor chegou até ele e qual o teor das conversas? Armênio Mendes — O Sílvio Pereira eu conheci nas campanhas eleitorais do PT. E ele veio aí na época em que a Telma de Souza foi candidata a prefeita de Santos. E acompanhava as campanhas. Não me recordo agora quais. E também nas campanhas eleitorais do Lula eu o conheci, na medida em que ele fazia parte do grupo que vinha a Santos.
AT — O senhor consegue precisar o ano em que teve o primeiro contato com o Sílvio Pereira? Armênio — Acho que foi na primeira eleição que a Telma perdeu para o Beto Mansur (1996). E eu sempre fui democrata nessas eleições. Me recordo que na primeira eleição que o Beto Mansur ganhou, colocou alguns colaboradores de campanha no Hotel Parque Balneário. Eu cedi. Foi a única coisa que eu apoiei na campanha: liberar alguns apartamentos do hotel para que eles ocupassem. E fiz a mesma coisa com a Telma de Souza. Eu apoiava os políticos da Cidade, no material que eu tinha, que eram os hotéis. Tanto atendi ao Beto como a Telma de Souza. E então conheci o Sílvio Pereira, que me foi apresentado uma ou duas vezes pela própria Telma, quando eles passavam por aqui.
AT — Então foi a Telma que apresentou o senhor ao Sílvio? Armênio — Se não foi a candidata, foi o Fausto Figueira ou alguém relacionado com o PT na época. Eu estou muito tranquilo porque nunca fiz nenhuma negociação nem com a Prefeitura de Santos nem com nenhum órgão público gerido pelo PT ou por qualquer outro partido. Nunca negociei com nenhum órgão público na minha vida. Não sou prestador de serviços e não exerci nenhuma atividade que dependesse dos políticos para que me aprovassem algo.
AT — Depois de o senhor ser apresentado, na campanha, ao Sílvio, passou a fazer contatos com ele, ou com o Delúbio (ex-tesoureiro do PT)? Armênio — Nunca mais. Com o Delúbio nunca fiz (contatos). A única coisa que vi foi quando o Lula esteve em Santos, antes da campanha, e ficou no Parque Balneário Hotel também, nessa última campanha, no dia 25 de agosto. O Lula esteve no Parque Balneário com toda a cúpula dele, onde o próprio Sílvio estava junto.
AT — O senhor manteve um encontro reservado com o então presidenciável Lula? Armênio — Não. Foi dentro do restaurante do Parque Balneário. Eu o recepcionei como candidato, como recepcionei agora o Mário Soares, que está em campanha para presidente de Portugal. E não tenho nenhuma ligação com o Mário Soares. Eu os recebo apenas por cortesia. As pessoas vêm a Santos, querem se hospedar, onde vão parar? No Mendes Plaza, no Mendes Panorama ou no Parque Balneário. Recebi desta forma.
AT — E foi só isso com o Sílvio Pereira? Armênio — Depois eu tive um contato apenas, que eu me recorde, com o Sílvio Pereira. Foi por telefone, sim. Quem me arrumou esta ligação com o Sílvio foi o deputado Fausto Figueira. E o por quê desta ligação? Porque exerço na Cidade uma atividade que me preocupa, que são os dois bingos (Miramar e Praiamar). Na medida que tenho estes dois bingos, que estão devidamente legalizados, mas se trata de uma atividade que andou apenas através de medidas provisórias (MPs) editadas e reeditadas. Quando FHC acabou seu segundo mandato, deixou de reeditar a medida provisória e deixou todos os empresários de bingo em situação desconfortável. Nesse momento eu fiquei preocupado. O Lula prometeu legalizar a atividade no início do governo, depois a coisa começou a se tumultuar...Como eu tinha a informação de que havia uma empresa americana que tem o sistema de informática que dá condições ao governo de fiscalizar máquina por máquina e, como minhas empresas são 100% legalizadas, eu pensei em levar isso adiante.
AT — E como foi isso? Armênio — Eu pedi ao Fausto Figueira, naquela época, que me arrumasse uma condição de falar com Brasília para tentar levar a fórmula para eles (governo) como sugestão, para que eles legalizassem o jogo no Brasil. Claro que eu não tinha a pretensão de eu ser o responsável pela legalização do jogo no Brasil, até porque eu sou pequeno demais para isso.
AT — E o senhor chegou a ir a Brasília? Armênio — Fui e tive uma reunião. Foi o Fausto que me deu a condição de chegar à Casa Civil através do Sílvio (Pereira). Fui lá uma vez e quem me atendeu foi uma assessora do Waldomiro Diniz (então subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil). Ele mandou uma assessora dele me atender. Não me lembro o nome dela. Então, minha relação com o Sílvio não passou disso.
AT — E quantos telefonemas foram, 15? Armênio — Creio que foi um só. Posso ter deixado recados na caixa-postal dele, ligado mais de uma vez naquela ocasião até deixar na caixa-postal. Eu falei com ele uma vez, no início do governo, há três anos, com o propósito de ajudar o governo no sentido de legalizar o que existia funcionando, que era o bingo e o vídeo-bingo. Esta foi minha relação com o Sílvio Pereira e foi apenas uma vez, por telefone. Não me lembro do mês.
AT — Quando lhe foi falado do Sílvio Pereira, que tipo de informação lhe deram? Era um homem que poderia fazer contatos com o governo? Armênio — Não. Apenas me pediram para agendar com o Sílvio. E quando eu fui a Brasília? Quando foi formada uma comissão na Casa Civil para tratar desse assunto. E quem estava com esta incumbência era o Waldomiro Diniz, que formou esta comissão, de 14 ou 18 pessoas, para tratar desse assunto. Meu propósito de ir a Brasília era apenas levar a minha sugestão.
AT — Quando o sr. falou com o Sílvio, como ele lhe atendeu? Armênio — Foi grosso. Eu sei que minha conversa está gravada e alguém vai verificar isso. Eu falei: ‘‘Sílvio, tudo bem?’’. Ele respondeu: ‘‘Tudo bem’’. Falei: ‘‘Eu queria isso assim assim...mas antes disso eu queria me encontrar contigo, te parabenizar pela vitória e tal’’. Tive um papo assim, nesse sentido. Ele falou o seguinte: ‘‘Você tem alguma coisa específica para tratar comigo?’’. Eu falei não. E ele me falou: ‘‘Olha, o meu tempo hoje é muito curto porque eu estou muito ocupado e não posso ceder para conversas preliminares, sem assunto específico’’. Foi grosso. Eu até me queixei algumas vezes com o Fausto desse tratamento que ele me deu até porque sempre que eles (o PT) me procuraram, sem nenhum interesse, eu os atendi em Santos. Sem interesse meu. Foi uma conversa de um ou dois minutos, no máximo.
AT — Então, ao contrário do que foi divulgado pela CPI, foi apenas um contato? Armênio — Só falei com o Sílvio uma vez. Talvez eu tenha feito algumas tentativas para falar com ele. Não sei. Não falei com o Zé Dirceu. Tive um contato com o Zé Dirceu, quando ele veio a um evento em Santos, já como ministro da Casa Civil. Nunca mais vi ele. Nunca tive reunião ou contato com o Delúbio. Nunca tive relação com os presidentes do partido Paulo Frateschi e José Genoíno.
AT — Com exceção do episódio no qual o senhor foi candidato a vice-prefeito (chapa encabeçada pelo deputado federal Vicente Cascione, do PTB), já fez alguma doação de campanha para o PT ou algum outro partido? Armênio — Não. O que eu fazia era apoiar os candidatos quando eles vinham à Cidade. Apoiei o Mário Covas, que se hospedou no meu hotel mais de uma vez. Quem também ficou nos meus hotéis, mais de uma vez, foi o Fernando Henrique Cardoso, tomou banho e tinha uma suíte à disposição para trocar roupa. Cumprimentava e desejava boa sorte a eles. De doação não partiu nada. Não tenho interesses.
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